sexta-feira, 25 de março de 2011

Noite de sonho.


Depois de um dia cansativo, a única coisa que eu queria era deitar-me na minha cama e adormecer. E, foi exactamente o que eu fiz. A angústia e o cansaço era tanta, que mal me encostei na cama, caí no sono.
Estava numa floresta. Posso adiantar que era densa e só se via verde, por toda a parte. Gritos começaram a surgir, era o meu nome... Nathália! A confusão instalara-se em mim. Era a voz de Matheus a gritar por mim. Dizia para eu lhe salvar. Gritos estridentes ecoavam naquele paraíso natural. Corri, corri e corri. Só acabei parando porque o meu coração ameaçou não aguentar mais. Lágrimas surgiam, as pernas tremiam e a minha visão quase que se desfocara por completo. Voltei a correr, mas desta vez, não pararia. Deparei-me com Matheus a ser engolido pela areia movediça,  que girava cada vez mais, e aos poucos ele ia desaparecendo. Não! Eu não ia ficar ali imóvel, nem pensar. Estiquei o braço o mais que pûde para chegar a ele, mas não valeu a pena. Ele ia ser engolido e, se assim fosse, eu iria também. Atirei-me também. Depressa as minhas pernas começavam a ser engolidas. Seriam duas vidas desperdiçadas e ainda por viver. Depressa já não via o meu tronco:
- Matheus! - Gritei eu com a voz trémula e ciente da dor vísivel no olhar dele. - Eu estarei contigo, sempre. O meu coração pertence-te.
- Nathália! - Disse, ofegante o meu principe. - Não te esqueças que eu amo-te. Pois nunca ninguém amou nenhum ser, como eu amo-te a ti. - E fez-me um carinho na face.
- Porquê a nós? - As lágrimas lavavam-me a face suja de terra.
- Eu serei teu, para sempre. - Disse Matheus, por fim.
O rosto dele desapareceu, fora engolido por encompleto.
- Não! - Gritei eu, estava acabada.
Agora, seria eu. A areia já me tinha engolido até ao pescoço. Fechei os olhos, não tinha mais porque lutar. Estava tudo destruido, o meu amor, o meu mundo. A areia já havia engolido a cabela de Nathália, agora, já só se avistava os cabelos de fora. Chegou o fim...
  Nathália acordou, deu um salto da cama. Apalpou os braços e as pernas para certificar-se. Voltou a deitar-se, olhou para o lado. Matheus estava ali, tinha chegado a casa e veio deitar-se também, dormia como uma criança. Fiz-lhe um carinho no rosto e os seus olhinhos abriram-se delicadamente e um grande sorriso desenhou-se no seu rosto. Olhei para a janela, preocupado que alguém estivesse nos vendo. Não avistei ninguém por isso, dei um leve beijo nos seus lábios. Ele abriu a gaveta da mesa de cabeceira e tirou de lá uma rosa:
- Tudo isto porque eu amo-te, estarei contigo, hoje e sempre. - Declarou, carinhosamente.
Não respondi, pelo menos em palavras. O silêncio e a minha expressão revelava tudo, as minhas ideias e os meus pensamentos.
Beijos, carinhos e amor foram trocados nas horas seguintes. Sem pressas, sem pudores. E teriamos a noite inteira para prolongar os desejos e vivermos tudo intensamente porque, nada nem ninguém, iria separar-me dele. Não agora, e muito menos no futuro.
                       Acabamos fundidos numa só alma. Pertenciamos um ao outro.


                                                               ***59ª edição conto/história - Projecto Bloínquês

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