segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

And it was only, just a dream.


Tinha sido um dia atarefado, onde a escola tinha ocupado cerca de três quartos do meu dia. O sol já se punha e, finalmente quando tudo acabou, arrumei as minhas coisas e fui-me embora para casa. Tinha-se passado mais um dia. Um dia insignificante. Numa história insignificante... Onde a personagem principal é quase como um objeto que serve apenas para ocupar espaço. Essa deve ser a melhor descrição de mim. Num mundo onde eu sinto que não me encaixo, onde simples palavras como amor, esperança ou simplesmente sorrisos são apenas projeções reais das fantasias das mentes de cada um. Um mundo baseado num ciclo vicioso, onde a depressão é a casa mais bonita, o medo é o meu melhor amigo e sofrimento é a melhor das companhias para os momentos mortos. Talvez esta seja apenas uma forma pouco realistica de ver as coisas mas, quando as pessoas assim o sentem, que mais há para se dizer? Mal podia esperar por ir de encontro com a minha cama que, de forma silenciosa, quente e aconchegadora, servia de base para os meus devaneios em dias mais tristes, em que nem mesmo respirar faz sentido. Dias esses que são os meus favoritos quando chove e que, faz com que a minha mente devaneie, brinque e fuja ao normal acompanhada pela melodia da chuva. Uma melodia ritmada, forte.
Resolvi deitar-me. Fechar os olhos e deixar-me levar. Deixar-me ir com o medo, com a angústia de mais um dia sem sentido, onde o sonho é o paraíso imiginário onde eu posso pintar o céu das mais diversas cores, onde o sol brilha com uma intensidade inexplicável, onde o amor é algo tão banal, repetitivo e nunca cessante como o acto de respirar. O cansaço venceu-me de modo que fechei os olhos...

Abri os olhos com uma rapidez tal que o meu cérebro não pôde, de modo algum, acompanhar o meu acto. Lucy... Lucy! O meu nome ecoava de forma assombrosa nos meus ouvidos. Ao início, parecia bem distante, mas a cada segundo que passava, sentia-o mais perto de mim. Um rapaz moreno, alto, esguio, de olhos verdes, com um sorriso rasgado, carismático e sedutor.

- Quém és tu? - questionei eu, de modo inquietante.
- Deixa as perguntas para depois, temos uma vida inteira pela frente. - respondeu de uma forma quase instintiva.

A verdade é que, eu sentia-me tentada a desistir dos meus medos e ir. Deixar-me ir. As palavras deles provocavam um leve arrepio na minha pele, uma vontade incomensurável de segui-lo.

- Demorei tanto tempo para encontrar-te. Percorri terras, mares, oceanos, escavei, nadei, gritei até não ter forças, mas encontrei-te. Vim aqui para libertar-te desse mundo obscuro... - e disse isso ao mesmo tempo que percorreu a minha face com um dos dedos.

Honestamente, eu já nem ouvia, estava albergada num mundo de fantasias, num mundo doce, aromático, quente, gentil... Sentia-me tentada a acreditar em promessas perigosas, abdicar de uma vida de incertezas para uma certeza incerta.

Levantei o rosto, tudo o que ele dizia era como se fosse música para os meus ouvidos, mel para os meus lábios, aconchego para o meu corpo, suporte para o meu mundo, aroma para a minha vida... Reparei que ele tinha uma das mãos esticadas na minha direção, e era agora. Nesse exato momento em que tudo iria ganhar sentido, fantasias preencheriam as minhas noites e aventuras os meus dias. Entreguei-me irracionalmente e quando a minha mão finalmente encontrou a dele...


... E com um frenesim acordei. O suor escorri pela minha face, o medo voltara e aquilo que parecia ter sido o momento mais real de todos, na verdade fora um sonho.

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